Milionário, que comprou Centurión, se tornou a esperança do São Paulo para trazer de volta Calleri

Se o milionário Vinicius Pinotti teve a coragem de investir 4,2 milhões de euros, cerca de R$ 14,2 milhões, em Centurión... Quanto ele não poderá ajudar na contratação de Calleri? Essa é a grande esperança do indeciso presidente Leco.

O jovem atacante argentino é o sonho de consumo de Rogério Ceni. O treinador ficou impressionado com o desempenho do jogador no curto período que defendeu o São Paulo. Ele jogou 31 partidas e fez 16 gols. Foi um dos principais responsáveis pelo clube ter chegado às semifinais da Libertadores. O jogador pertence a um grupo de empresários. E está emprestado ao pequeno West Ham.

O jogador de 23 anos não tem conseguido destaque. Muito pelo contrário. O time que atua é muito fraco, tem esquema acovardado. Ocupa apenas a 13ª colocação. Ganhou seis jogos. Empatou quatro. E perdeu dez jogos. Marcou 23 e sofreu 35 gols até agora no Campeonato Inglês. O argentino atuou seis vezes apenas. Não conseguiu marcar sequer um gol. É um mero reserva.

Passou de ídolo a invisível. Perdeu seu séquito de torcedores e jornalistas brasileiros apaixonados, reverenciando seus gols, suas arrancadas, até sua coragem de enfrentar os zagueiros mais violentos. No São Paulo ele era homem de referência, procurado pelos companheiros em quase todos os ataques. Era respeitado pelo time. Temido pelos adversários.

É apenas mais um jovem sul-americano tentando usar o West Ham como trampolim na Premier League. Empurrado por empresários bem relacionados. Vale a pena relembrar quem são eles. Como publiquei em fevereiro de 2016. Ou melhor, o principal deles. Gustavo Arribas. Antigo braço direito de Kia Joorabchian, intermediou a ida dos jogadores Tevez, Sebá e Mascherano para o Corinthians. Arribas chegou procurou a direção do Boca com uma proposta de 12 milhões de dólares, cerca de R$ 38,6 milhões por Calleri.


A imprensa argentina sabe que Arribas é o principal elemento do Stellar Group, grupo que é apresentado como de investidores ingleses. Assim que jovem atleta foi comprado, acabou registrado no humilde Deportivo Maldonado, equipe da Segunda Divisão Uruguaia. E que é usado de maneira clara, acintosa apenas para legalizar o atleta.

O incrível na negociação envolvendo Calleri é que Arribas não é só agente de atletas. Ele comanda a Agência de Inteligência Federal da Argentina. A AFI tem como função cuidar da segurança nacional, investigar pessoas e empresas argentinas. Foi nomeado pelo presidente argentino Mauricio Macri. São amigos íntimos desde que Macri presidia o Boca Juniors.

Um funcionário federal ajudando o clube do presidente.

Situação constrangedora.

Arribas acreditava que colocaria Calleri na Inter de Milão no segundo semestre de 2016. Antes precisava tirá-lo do Boca. Usar um clube brasileiro. O Atlético Mineiro foi o primeiro a chegar. Em seguida surgiu o São Paulo. Diz a lenda que Tevez, grande ídolo de Calleri, que ele seria mais feliz no Morumbi. A estrutura da cidade foi, na verdade, a grande cúmplice.

Calleri veio e fez muito sucesso. A ponto de disputar a Olimpíada com a Argentina, situação que desejava, mas não acreditava ser possível. Ele se apegou ao clube de brasileiros mais do que imaginava. A ponto de decidir que, um dia, quando voltasse do sonho europeu, passaria pelo Morumbi. Antes de encerrar a carreira no amor de sua vida, o Boca Juniors.

A direção do São Paulo ficou monitorando os passos de Calleri. Houve uma discreta comemoração interna ao saber que Arribas não conseguiu colocá-lo em um grande time. A Inter de Milão preferiu apostar em Gabigol. O West Ham foi o que sobrou.


Equipe sem ambições na Premier League, a não ser sobreviver, não ser rebaixada. A imprensa inglesa e a pouca torcida do time londrino não se empolgaram com o argentino. Muito menos o treinador croata Slaven Bilic. Ele sabe muito bem que Calleri chegou graças à ligação da direção do clube com o empresário Kia Joorabchian, parceiro de Arribas.

Marco Aurélio Cunha ficou passando mensagens de incentivo pelo WhatsApp. Assim como o grupo de amigos mais próximos que fez no São Paulo. Como Lugano, Maicon. O apoio logo virou convites para que voltasse ao Morumbi, diante da frieza, do desprezo do West Ham. Cunha insiste que o clube entrará em um novo caminho com o técnico Rogério Ceni.

O grande problema é o mesmo que cerca jovens jogadores sul-americanos que vão para a Europa. O retorno imediato traz uma tatuagem na testa de fracasso. Uma mancha no currículo. A ida e volta depois de um curto período significa muitas vezes nunca mais. Ou seja, o atleta fica condenado a seguir carreira em centros periféricos. Esse é o medo de Arribas.

A direção do São Paulo sabe que Calleri quer voltar. Não foi a confirmação à ESPN, depois de mais um vexame do seu time. A goleada por 5 a 0 para o Manchester City, em pleno estádio Olímpico de Londres. Diante de seus torcedores, a eliminação humilhante. Com o argentino no banco, sem entrar um minuto sequer.

O jogador até estranhou quando foi abordado pelo repórter brasileiro da ESPN. E foi muito direto.


"Sempre falo com Marco (Aurélio Cunha), com Alexandre (Pássaro, advogado do clube, que também cuida de negociações)... Sempre estive em contato porque foi um clube que me deu oportunidade, onde me fui feliz... Identifico-me com o clube, com as pessoas. Sei que se tem falado muito (sobre voltar), eu tenho feito contato com o Marco e o advogado e, obviamente, tenho vontade de voltar ao lugar onde fui bem tratado. Deixo as portas abertas para voltar no futuro.

"Quando se chega a um clube, você pensa que vai ter muitas oportunidades. Tive algumas, não aproveitei, e faz tempo que eu não jogo. Por isso sempre se quer voltar ao lugar onde se é bem tratado, e o São Paulo foi assim.

(Quanto ao futuro)"Pode acontecer qualquer coisa", disse, ontem.

Calleri entrou apenas oito vezes em campo desde que foi contratado. Apenas três como titular. Não fez um mísero gol. Inúmeros jogos não ficou sequer no banco. Virou reserva dos reservas. Se tornou um jogador dispensável pelo West Ham. E ele sabe disso.

Leco acredita que pode ser o ídolo que precisa em campo. E já acionou Arribas. Quer um novo empréstimo. A esperança é que o milionário Vinícius Pinotti, agraciado com o cargo de diretor de marketing, desde que contratou Centuríon, banque os R$ 400 mil mensais do atacante. O São Paulo vive uma grave crise financeira.

A situação está caminhando.

Se depender de Calleri, ele volta.

Arribas segue na dúvida.

Rogério Ceni e Leco rezam.

O técnico precisa de um artilheiro.

O presidente de um ídolo para buscar sua sonhada reeleição.

Ambos se animam.

Se Vinicius Pinotti colocou seu dinheiro em Centurión.

Cometeu essa insensatez.

E ganhou o cargo de diretor de marketing.

Por que não gastar com Calleri?

Pode até dividir a presidência com o Leco...



Fonte: SPFC.NET





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